Neste ano de 2015, pela primeira vez, o FotoRio teve um tema único: a cidade do Rio de Janeiro. Como parte da programação oficial de celebração dos 450 anos de fundação da cidade, realizamos 65 exposições, projeções, palestras, debates, cursos e encontros em 35 museus, centros culturais, galerias de arte e espaços alternativos.
Como sempre, além das exposições produzidas pela equipe do FotoRio, que ocuparam diversas instituições na cidade, o festival se manteve aberto às adesões, conforme atesta o expressivo número de exposições realizadas. A todos que se somaram a nós, formando esse movimento de fotógrafos que garante há doze anos a realização do festival, nos estimulando a continuar sempre, somos agradecidos.
A imagem da cidade - presente em todas as exposições e problematizada nas fotografias históricas de Augusto Malta, em exposição com curadoria de Milton Guran e Ana Bartolo - foi também a grande estrela das exposições internacionais, que trouxeram cá obras de importantes instituições como a MEP (Maison Européenne de la Photographie), de Paris, o Centre Georges Pompidou, o Musée Nicéphore Niépce e a Société Française de la Photographie, além de uma preciosa seleção das primeiras fotos a cores da cidade, do acervo do Musée Albert Kahn, todas inéditas entre nós.
Ao lado de fotógrafos em pleno desenvolvimento dos seus respectivos trabalhos, portanto em sintonia com o momento presente, resgatamos alguns autores profundamente ligados à nossa história visual, porém pouco vistos nos últimos tempos, como os saudosos Pierre Fatumbi Verger, Alécio de Andrade e Bina Fonyat, este último exposto pela primeira vez em mais de trinta anos, com curadoria de Pedro Vasquez.
A grande novidade dentre as exposições foi uma ampla convocatória aberta a todos os interessados, profissionais ou amadores, sobre o tema “Ser Carioca – Formas de Sociabilidade no Rio de Janeiro”. Mais de duzentos fotógrafos nos enviaram cerca de duas mil fotografias que, uma vez editadas, se traduziram em quatro exposições - com curadoria de Julieta Roitman, Marco Antônio Portela, Milton Guran e Pedro Vasquez - reunidas em um catálogo específico.
Depois de alguns anos de intervalo, retomamos a Leitura de Portfolio, sob a coordenação de Ioana de Mello, com a participação de vinte leitores de diversos estados e do exterior. Marcando essa retomada, criamos o Prêmio FotoRio de Leitura de Portfolio, que consiste na produção e realização de uma exposição individual na edição seguinte do festival. O ganhador deste ano, escolhido pelos leitores, foi o fotógrafo Luiz Baltar, a quem parabenizamos.
Mais uma vez o MAR (Museu de Arte do Rio), acolheu o Encontro sobre Inclusão Visual do Rio de Janeiro, que este ano realizou sua nona edição, sob a coordenação de Marcella Marer, reunindo participantes de oito diferentes projetos.
Uma série de palestras, ciclos de debates e cursos, organizados por Pedro Vasquez, Silvana Louzada e pelo Ateliê Oriente, reuniu fotógrafos, curadores e acadêmicos e colocou em debate a produção fotográfica atual e seus contextos e contornos. Tivemos ainda, um ciclo de vídeos produzidos pelo Foto em Cena sobre fotógrafos cariocas.
Um dos símbolos maiores da reestruturação urbana do Rio é a demolição da Perimetral, cuja demolição serviu de ponto de partida para a exposição coletiva “Adeus Perimetral”, a qual, por sua vez, ensejou o projeto “Cápsula do Tempo”, coordenado pela fotógrafa Kitty Paranaguá, do Ateliê Oriente: uma caixa hermeticamente fechada contendo as imagens expostas e um livro, no qual foram escritos “recados para o futuro” pelos visitantes da exposição, que foi enterrada na Praça Mauá, diante do MAR e do Museu do Amanhã. Prevista para ser desenterrada dentro de cinquenta anos, quando a cidade celebrará meio milênio de fundação, a Cápsula do Tempo é o nosso recado para o carioca do futuro.
Como dissemos, o FotoRio é fruto do trabalho conjunto dos fotógrafos da cidade (e de outras cidades e regiões e mesmo de outros países), nosso muito obrigado a todos.
Milton Guran
Coordenador Geral