O interesse do jovem monarca Dom Pedro II pelo processo fotográfico levou-o a atrair e subsidiar a instalação, na corte do Rio de Janeiro, de inúmeros fotógrafos europeus que nos legaram um rico acervo iconográfico, e a constituir, ao longo do seu reinado, uma das mais importantes coleções fotográficas da história da fotografia, hoje na Biblioteca Nacional.
Para marcar o início do FotoRio 2003, no dia primeiro de junho, foi produzido um daguerreótipo da fachada do Paço Imperial. Foi uma reedição - pelo mesmo processo técnico, com o mesmo tipo de equipamento - da primeira fotografia feita ao sul do Equador, em janeiro de 1840, na presença de D. Pedro II, pelo francês Louis Compte. Este ato simbólico teve o propósito de realçar a importância da cidade do Rio no desenvolvimento da fotografia no continenente. Estavam presentes à cerimônia o Presidente da Funarte Antônio Grassi, acompanhado da Diretora de Artes Visuais Miriam Brum, o Adido Cultural da França Jean Paul Lefévre, o Cônsul da Argentina Luiz Eugenio Bellando, o diretor do Instituto de Humanidades da UCAM Beluce Bellucci, a diretora do Centro Cultural Correios Marcelle Pithon, o diretor do Centro Cultural da Justiça Federal João Coelho, representantes da ABAF, ABRAFOTO, ARFOC e centenas de fotógrafos.
O FotoRio 2003 contou com mais de 140 eventos entre exposições fotográficas, nacionais e estrangeiras, projeções e intervenções urbanas, oficinas, cursos, palestras, mesas redondas e leitura de portfólios, envolvendo cerca de 70 espaços prestigiosos da cidade como o Museu Nacional de Belas Artes, o Centro Cultural da Justiça Federal, o Paço Imperial, o Museu da República, o Centro Cultural Light, a Casa de Cultura Laura Alvim, a Casa de Rui Barbosa, o Jardim Botânico, além de galerias particulares como Anita Schawrtz, LGC, Laura Marsiaj, Lana Botelho, e H.A.P. entre outros.
O Centro Cultural Correios, posto central do encontro, recebeu exposições internacionais de grande importância como “Moda 60-70” dos fotógrafos Helmut Newton, Frank Horvat e William Klein, “Mineiros da Bolívia - todos os dias, a noite” de Jean-Claude Wicky e “La Huella” de Juan Travnik, consolidando a integração do FotoRio no âmbito internacional junto a reconhecidas instituições e grandes nomes da fotografia, bem como ao Festival da Luz, rede criada por fotógrafos, colecionadores e estudiosos da fotografia em todo o mundo.
Ainda no Centro Cultural Correios realizou-se a conferência magistral “Tempo Suspenso, Lentes da Memória”, proferida pela antropóloga Lygia Segala, da UFF.
Além disso, inúmeros espaços alternativos abriram suas portas para o evento, abrigando pela primeira vez exposições fotográficas, assim como novos centros e espaços culturais que foram inaugurados durante o evento. Participaram ainda do FotoRio 2003 as mais importantes instituições públicas e privadas de guarda e conservação de coleções fotográficas da cidade como a FUNARTE, a Biblioteca Nacional, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o Instituto Moreira Sales, o Arquivo da Cidade, o Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, o Arquivo Nacional e o Museu do Índio, entre outras.
No Centro Cultural da Justiça Federal os fotógrafos tiveram a oportunidade de expor seus portfólios a renomados profissionais da área como diretores de galerias, festivais, museus e centro culturais assim como a curadores, colecionadores, marchands, estudiosos, pesquisadores, artistas e editores nacionais e internacionais como Juan Travnik, Luz Castillo e Alejandro Montes de Oca.
Dentre as atividades do FotoRio 2003 destacam-se ainda os chamados “diálogos com a sociedade”, com intervenções urbanas, feiras, mutirão fotográfico e as oficinas de sensibilização do olhar, inclusive para estudantes e populações de baixa renda, pela integração social que propõem, desde o estímulo ao deleite da cultura visual com a exibição de imagens em espaços públicos, ao exercício objetivo de cidadania, através de grupos organizados e envolvidos com trabalhos de interesse da sociedade ou em comunidades.
Integrando museus, centros culturais, galerias comerciais, espaços alternativos e mesmo em ruas e praças o FotoRio 2003 conseguiu alcançar um público ainda maior que o habitual freqüentador de museus e apreciador da arte fotográfica.
Foram realizadas ainda mesas-redondas, seminários e conferências no Centro Cultural da Justiça Federal, no Centro Cultural Correios, no Arquivo Nacional e na Universidade Candido Mendes, tratando dos mais relevantes temas relativos à fotografia, sua produção, difusão e preservação.